28 fevereiro, 2007

"Garimpei e gostei!"

Nossos leitores sabem ler e escrever!

Leia abaixo o divertido texto de Fernando Amaral, "adevogado" , pai de dois filhos, fã de Golpe de Estado e dos discos solo do Ian Gillan.


Lendo o Eu Garimpo percebi que não conheço nada de coisa nova. Tenho um Radiohead que nunca acabei de ouvir. Desconfio, acho chato. Ganhei um Coldplay e nada, o cd está lá, virgem. Intacto. Garimpar, entretanto, sempre foi muito legal. Divertido.

Lembro de andar pelas galerias. Ainda faço isso hoje, sem a mesma constância e com muito mais preconceito. Lembro de comprar e vender e recomprar e revender discos diversos. Minha coleção de vinis de trash-metal era um assombro. Despedi-me de todos eles, na base da troca. Alguns sinto falta, outros não quero nem lembrar. Outro dia recomprei um cd do Tysondog. Maravilha.

E era legal ir ao Centro Cultural e outros teatros e bares para ouvir o bom e velho rock. Gostava de rock pesado, mas gosto mesmo é do rock simples. Era ter show do Golpe de Estado que estava lá. “Noite de Balada”, um clássico eterno.

Pois bem, num outro dia estava no shopping Villa-Lobos. Os tempos mudam, eu sei. E esperando pela Dani, minha mulher, acabei parando na Livraria Cultura. Ouvi algo que pareciam guitarras. Batata. No auditório vi um burburinho. Já tinha visto um show de chorinho lá. Já tinha ido ao lançamento de um dos livros do Zé Rodrigo. Mas rock, desconfiei. O som deve ser uma merda, pensei.

E era. As distorções, aquele chiado maldito da caixa de som. O volume subia e descia. A voz metalizava. Em verdade vos digo: comecei a gostar. No palco uns meninos cantavam rockinhos simples. O cantor e guitarrista um pouco desengonçado, fazendo caras e bocas. Divertido. O baixo, presente. Rock simples, como lá nos tempos de garimpagem nos botecos da Treze de Maio.

Enfim, como o blog de vocês é de garimpagem, resolvi escrever um pouco sobre a tal banda. “Aurélio e seus Cometas”. Confesso que gostei mais do show do que do disco. Evidentemente comprei o disco. Mas pensando bem fazia tempo que não ouvia um rockinho tão supimpa. Letras legais, com aquela pretensão que só os despretensiosos conseguem entender. As letras são divertidas, ficam: “Comprei um disco de rock, não vou ouvir. Tomei um monte de remédio para poder dormir. Fui procurar uns amigos, que não vou ver... “. Ou, outra: “Preciso de uns quinze dias para poder dormir. Preciso de dentes brancos para poder sorrir..... Preciso de um beijo seu para eu lembrar como é fácil ser feliz”. Simples. Mas bem legal. Verdade que tem uma cagada, que é um cover do “Barquinho”, clássico da bossa nova, mas que pode ser perdoado.

Se não servir para nada esta dica, pelo menos ficou a vontade de voltar a garimpar sem preconceitos. Coisa típica da vida boa. Vou até ouvir o Coldplay. E pedir emprestado para o Diogo aquele cd de rock húngaro....

Fernando Amaral