:: Rodrigo Celso
"The destroyed Room", novo CD do Sonic Youth reúne lados B e faixas raras, mas não é um disco de sobras. Tem cara própria, algo raro em compilações do gênero.
Ao contrário dos outros álbuns da banda, que alternam canções em formato mais tradicional e de curta duração com canções de longa duração, bem mais radicais, boa parte das faixas deste “quarto destruído” dura mais do que 4 minutos e está repleta de improvisações.
É divertido perceber que a banda está ali, tocando sem muito rumo e estendendo a duração das músicas um pouco para ver onde aquilo vai dar. Nenhum compromisso com o que seria razóavel esperar de uma canção de rock'n'roll. O melhor exemplo disso é a faixa que encerra o CD, versão original de “The Diamond Sea” (do álbum "Washing Maschine"), tem mais de 25 minutos (para os fãs, 25 minutos de delícia...)
Provavelmente, quem já gosta da banda (como eu) vai adorar. Para quem não gosta, pode ser uma experiência quase insuportável. Penso, especialmente, naqueles que nasceram para o rock nesta primeira década do século XXI e estão acostumados com faixas curtas e rápidas. Meu amigo, minha amiga, cuidado: não tem nada disso aqui.
Se vocês ficarem curiosos e decidirem conhecer a banda para sentir qual é, vejam bem, recomendo que mantenham distância deste disco. Comecem ou por “Daydream Nation”, o álbum dos sonhos de Kurt Cobain do Nirvana, ou por “Rather Ripped”, disco do ano passado, que trabalha num registro menos experimental. Se gostarem desses dois, passem para “Washing Maschine” e “A Thousand Leafs”. Se, depois dessa pequena maratona, vocês ainda estiverem gostando, já podem se considerar fãs do Sonic Youth.
“The Destroyed Room” não deve ser apreciado depressa; não há riffs, não há economia de tempo. Deve-se ouvi-lo como se ouve um disco de começo de carreira do Pink Floyd (ou qualquer um do Jesus & Mary Chain): luz apagada, cabeça vazia e disposição para se deixar levar.
Caso bem utilizado, este disco pode ser excelente. Ministrado de forma equivocada; e para as pessoas erradas, pode gerar ódio e irritação. Por isso eu recomendo que você compre/baixe e ouça. Mas manipule com cuidado.
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