:: Rodrigo Celso
The Dictators é uma daquelas bandas que, ouvidas hoje pela primeira vez, podem passar despercebidas. O som lembra muito os Ramones, formados um ano depois, em 1973. Na verdade, o som dos Ditadores lembra várias bandas que vieram depois deles: eles sofrem as conseqüências de terem ajudado a criar uma fórmula que funcionou bem demais e resultou no punk, esse movimento tão interessante quanto plural, que deu origem a grupos “cabeça” como Eistürzende Neubauten e Pere Ubu, bandas proletárias e socialistas como Chelsea e Clash, anarquistas como Atari Teenage Riot etc. Resultou no punk, mas comecou com MC5 e Stooges, de quem os Dictators sao descendentes diretos (veja acima do cover de "Search and Destroy" dos Stooges).
The Dictators não tem muita sofisticação: faz um rock básico levemente melódico, sem grandes pretensões, mas com senso de humor. Nada da verve non-sense dos geniais Ramones, os Lewis Carrol do Rock, ou dos Modern Lovers, mas dá bem para o gasto. O mais interessante de tudo é que ouvir dos Ditadores, além de nos colocar em contato com músicas excelentes como “Faster and Louder” do disco Bloodbrothers, faz ver que nenhum gênio nasce do nada.
Quantas bandas excelentes como essa são necessárias para se fazer uma genial como os Ramones? Difícil dizer, mas não são poucas. Quanto mais se fuça os discos e referências de uma época, mais se encontram bandas interessantes. Os artistas geniais não ficam menos geniais por causa disso, mas certamente, são colocados no seu devido lugar, ao lado de dezenas e dezenas de outros que ajudam a formar o espírito da época. Diante disso, se for verdadeira a minha teoria de que toda banda, por pior que seja, tem pelo menos uma música boa, ainda há muito, mas muito o que garimpar.
Vejam abaixo imagens da reunião dos Dictators em outubro deste ano na Espanha:
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