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A noite foi quase perfeita. Depois de muitos anos de espera, finalmente o Radiohead fez shows no Brasil. Primeiro no Rio, na sexta-feira, com um setlist de deixar qualquer fã de boca aberta. Em São Paulo, Thom Yorke e sua turma levaram os 30 mil presentes à catarse. Finalmente, nós, os fãs, seríamos recompensados.
Começou com a volta dos Los Hermanos, um show não muito empolgante, mas que agradou ao pessoal que já estava lá. Em seguida veio o histórico Kraftwerk, numa apresentação tradicional do grupo alemão – todos os integrantes parados no palco, apenas comandando seus computadores e mandando ver na música eletronica. Foi o tempero certo para aumentar a vontade de ver o Radiohead.
Pontual, a banda entrou às 22h. Começou animada, com a primeira música (“15 step”) do último disco, In Rainbows. Não dava para acreditar que aquilo era verdade. Uma das bandas mais importantes dos últimos anos estava de fato ali, na nossa frente. As especulações foram muitas, eu já havia perdido a esperança. Só tive certeza quando segurei o ingresso e nele vi escrito “Radiohead”. Mas definitivamente nada havia me preparado para o que estava por vir naquelas duas horas e vinte.
Nos momentos mais calmos do show, o silêncio era absoluto. Quem falasse mais alto era logo repreendido pelas pessoas a sua volta. Enquanto “Faust Arp” estava sendo tocada por Yorke e Johnny Greenwood munidos apenas de violões, a platéia olhava compenetrada para o palco, sem se mexer. Quando a intensidade aumentava - como, por exemplo, em “Optimistic” - o público até dançava, mas a postura era mais de reverência à musica do que o clássico ato de cantar junto e pular freneticamente (algo comum na maioria dos shows de rock). Não se tratava somente de curtir as musicas que você já conhecia. O Radiohead fez com que mesmo os fãs mais fiéis redescobrissem o repertório dos 20 anos de carreira da banda. Era um outro Radiohead.
Isso teve um motivo: a qualidade do som, que estava, sem exagerar, perfeito. Era possível ouvir todos os instrumentos, todos os efeitos eletrônicos, fosse a musica mais animada ou calma. A banda também impressionou; os integrantes do Radiohead não formam apenas um conjunto de rock, são também excelentes músicos. Em alguns dos grandes shows de música pop, um palco incrementado serve para esconder a ineficiência do artista que está se apresentando; o Radiohead consegue usar efeitos especiais e de luz muito bem produzidos, que acompanham e complementam a musica, sem deixar que ela fique em segundo plano. O repertório também passou longe do óbvio. Claro que “Creep”, primeiro sucesso da banda, e “Fake Plastic Trees” não podiam ficar de fora. Mas teve até um lado b (“Talk Show Host”) e músicas menos conhecidas como “You and Whose Army?”.
Só não se pode dizer que o festival foi perfeito por conta da organização e da infra-estrutura. Era difícil chegar à Chácara do Jockey. O único estacionamento oficial tinha apenas uma entrada, o que dificultou a chegada e, principalmente, a saída (demorou mais de uma hora e meia). As filas para comprar lanches e bebidas eram longas. Os banheiros químicos estavam nos estábulos, portanto o cheiro era forte, além de ser difícil de transitar por ali.
Nada que estragasse o momento que todos nós presenciamos, mas certamente teria sido muito mais memorável se os responsáveis pela organização tivessem prestado mais atenção ao conforto dos que pagaram R$ 200,00 para estar ali.
24 março, 2009
Radiohead chega perto da perfeição em São Paulo
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