Criaturas Flamejantes
Editora Conrad
2006
Criaturas Flamejantes é um livro que está mais para documento do que uma análise do rock’n’roll. Nick Tosches não está muito interessado na vida cultural e social dos EUA que ele pesquisou. O central é descobrir de onde veio a palavra “rock’n’roll” e de onde vem o ritmo desse tipo de música.
É um pouco difícil acompanhar todos os nomes de singles, artistas e álbuns que são enumerados ao longo das paginas. Falta ao autor a fluência e originalidade de Lester Bangs, Greil Marcus, entre outros. Provavelmente Tosches jamais quis se aventurar nos terrenos da crítica ao escrever o livro.
Falta ilustração, porém. Seria possível fazer um texto mais envolvente, menos quadrado e repetitivo. Das duas uma: ou Tosches deveria ter feito o livro em tópicos, para facilitar a consulta, tornando-o um ótimo instrumento de pesquisa, ou deveria ter amarrado melhor os subtextos, ter dado uma unidade a sua exposição.
Chegamos ao ponto central dos problemas de Criaturas Flamejantes: não há emoção tampouco didatismo. Imagino que alguém que se propuser a ouvir parte dos discos mencionados no livro tenha uma enorme dificuldade de achar o que queira. Um índice remissivo ajudaria muito. Não sei dizer se a edição americana possui o tal índice, mas isso seria bom para nós também.
Os poucos momentos em que o lado repórter de Tosches aparece são insuficientes para dar cor ao texto. Admito que a falta de conhecimento da obra dele limita a minha crítica, mas sei que ele é capaz de algo melhor. Veja, por exemplo, A Última Casa de Ópio (também da editora Conrad), um livro curto e muito preciso. Esse não é sobre rock, é preciso ressaltar.
Ainda assim, Criaturas Flamejantes vale a pena. Primeiro, porque a coleção Iê-Iê-Iê geralmente tem preços acessíveis, e também porque esse tipo de literatura ainda está em falta no Brasil. Se não temos nossos próprios críticos especialstas, pelo menos agora podemos ler os de fora.
:: postado por Diogo BarbaRuiva - eugarimpo@hotmail.com
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