08 janeiro, 2008

In Rainbows e a tradição




Notícia do Estadão e de muitos outros veículos de comunicação: In Rainbows, do Radiohead, o disco de verdade, palpável, estreou na parada britânica em primeiro lugar, vendendo 50 mil cópias na primeira semana de vendas. Se a grande sacada de vender o disco primeiro em mp3 para evitar os famosos "vazamentos" pela internet já tinham colocado em xeque o modo como a comercialização de música pode ser pensado, certamente que essa notícia ainda vai (ou deveria, pelo menos) dar muito ao que pensar aos executivos das gravadoras.

Sem apostar no poder dos críticos de jornais e revistas (que normalmente recebem cópias dos discos antes de eles chegarem às lojas), o Radiohead conseguiu tanta ou mais mídia do que se fosse usar dos meios "tradicionais". Claro, trata-se de uma das maiores bandas do planeta, é fácil para que eles chamem a atenção. Mas duvido que tudo isso teria acontecido (e continua acontecendo) se a música não fosse realmente cativante (para não dizer ótima). Como já apontamos aqui, a discussão definitivamente tem que passar pela qualidade do que está sendo entregue, da produção (não em um sentido marxista) do artista.

Notemos também que oineditismo da música, o ocultamento o produto em caixas lacradas e o atrelamento a exibição do resultado de um trabalho a uma data de possibilidade de compra não são o segredo para o sucesso. O interesse do público inglês foi tanto que a possibilidade de baixar o disco de graça pela internet não impediu o primeiro lugar do Radiohead nas paradas de venda de discos. Difícil não pensar que ter acesso à obra foi um fator fundamental. Ouvi quem quis, baixou e comprou quem quis.

Longe querer analisar profundamente todas essas repercussões, queremos apontar que novos caminhos estão sugeridos, apesar das limitações. Para entender um pouco melhor as motivações da banda e possíveis explicações para esse empreendimento inovados, recomendo a entrevista de Thom Yorke a David Byrne na revista Wired.