28 outubro, 2008

No TIM Festival por acaso [show do MGMT em São Paulo]




:: Diogo BarbaRuiva

Geralmente não dou muita bola para o TIM Festival. As escalações são geralmente meio estranhas, os shows demoram e o público é irritante (talvez por causa da mistura indiscriminada das edições anteriores).

A última e única vez em que eu tinha ido a esse festival foi em 2005, na Marina da Glória (Rio de Janeiro). O único objetivo, apesar de Strokes e Television tocarem naquele ano, era ver o fantástico pianista de New Orleans Dr. John. O show dele não foi decepcionante, mas ver o público ir deixando o espaço da apresentação ao longo dela porque logo Elvis Costello entraria em outro palco me deixou traumatizado. Dr. John terminou tocando para não mais do que 100 pessoas, apesar de já ter gravado com gente como Etta James, Stevie Ray Vaughan e B.B. King. Triste.

Portanto, é uma surpresa que eu tenha de fato ir assistir a uma noite do TIM desse ano. Não foi planejado. De última hora, me vi intimado por uma amiga a ver The National e MGMT (que eu não conhecia muito). Tive de dar o braço a torcer para o TIM e para as surpresas que a noite iria apresentar.

Esqueçamos o The National, fica para outro dia. MGMT são as letras de ordem. O peso do som deles fez tremer o Parque do Ibirapuera (literalmente). E não se trata de um peso no estilo do Sepultura; é a agressividade do som ao vivo de uma ótima banda, que sabe animar uma platéia. Isso é raro hoje em dia.

Foi uma hora e pouco que lamentei ter passado tão rápido. O despreparo foi essencial nessa experiência: não saber o que esperar, não saber uma letra de cor pode ser muito bom em alguns momentos. Não havia como escapar da tremedeira. Tanto fazia estar ao lado do palco ou no fundo da platéia, comprando cerveja. Aquela barulheira toda tomava conta de tudo: chão, ar, caixa torácica.O melhor jeito de conhecer uma banda de verdade é vê-la ao vivo e tocando para uma platéia que (ainda) não é fã por completo. O MGMT deve ter conseguido arrebatar pelo menos 50% daquelas três mil e tantas pessoas.

E fizeram isso sem pirotecnia. Simplesmente tocaram, algo que fazem muito bem. O som não é nada muito original, nada revolucionário (claro, o que é hoje em dia?). Ser competente é o diferencial, fugir da burocracia é o que vai separar as grandes bandas do futuro do mero hype eufórico (e sempre foi assim, de um certo modo).

Agora, ouvindo as músicas gravadas, tenho ainda mais certeza do que está escrito acima.